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domingo, 23 de abril de 2023

Montagem de Administração Colonial Em Africa

Como as políticas de administração colonial contribuíram para a nova territorialização de africa?

As políticas de administração colonial desempenharam um papel fundamental na nova territorialização da África, que ocorreu durante o final do século XIX e início do século XX. As potências coloniais europeias, como Grã-Bretanha, França, Alemanha, Portugal, Espanha e Bélgica, utilizaram diferentes abordagens para controlar e governar seus territórios coloniais na África.

Uma das políticas mais significativas foi a partilha do continente na Conferência de Berlim em 1884-1885. Nessa conferência, as potências coloniais europeias dividiram a África em diferentes áreas de influência e estabeleceram fronteiras arbitrárias, ignorando as fronteiras étnicas, culturais e linguísticas dos povos africanos. Isso resultou em conflitos e tensões étnicas e políticas que continuam a afetar a África até hoje.

Como afirmado por Okwudiba Nnoli em seu livro "Ethnic Politics in Nigeria" (1980): "O desenho das fronteiras arbitrárias que definiam os Estados africanos era uma fonte de tensões e conflitos étnicos, muitos dos quais persistem até hoje."

Além disso, as políticas de assimilação cultural e social, que forçaram os africanos a adoptar a língua, cultura e valores dos colonizadores, também contribuíram para a nova territorialização da África. Como afirmado por Toyin Falola em seu livro "Colonialism and Violence in Nigeria" (2009): "As políticas coloniais de assimilação cultural e social minaram as identidades e culturas africanas e contribuíram para a criação de identidades nacionais artificiais."

A exploração econômica dos recursos naturais da África também foi uma das principais políticas de administração colonial que contribuíram para a nova territorialização da África. Como afirmado por Mahmood Mamdani em seu livro "Citizen and Subject: Contemporary Africa and the Legacy of Late Colonialism" (1996): "A exploração dos recursos naturais da África pelos colonizadores europeus contribuiu para a desigualdade e o subdesenvolvimento em todo o continente."

 

2.      Quais foram as razoes que ditaram o uso do governo indireto pelos britânicos?

O governo indireto foi uma estratégia adotada pelos britânicos durante o processo de colonização da África, e houve várias razões que ditaram o seu uso. Aqui estão algumas das razões:

Eficiência administrativa: Os britânicos consideravam o governo indireto uma forma mais eficiente de governar, pois permitia que eles controlassem grandes áreas geográficas com relativamente poucos funcionários. Como afirmou Richard Gray em seu livro "A History of the Southern Sudan, 1839-1889" (1970): "O governo indireto foi uma resposta ao problema de governar vastas áreas geográficas com um número limitado de funcionários".

Custo: O governo indireto também era uma opção mais barata para os britânicos, já que eles não precisavam estabelecer uma administração centralizada em cada território. Como afirmou Walter Rodney em seu livro "How Europe Underdeveloped Africa" (1972): "O governo indireto permitiu aos colonizadores governar vastas áreas com um mínimo de despesas administrativas".

Preservação das estruturas tradicionais: Os britânicos acreditavam que o governo indireto preservaria as estruturas tradicionais das sociedades africanas, ao mesmo tempo em que permitiria a sua influência política. Como afirmou E.J. Alagoa em seu artigo "Indirect Rule and the Restitution of Traditional Authority in Nigeria" (1984): "O governo indireto foi uma forma de preservar as estruturas tradicionais das sociedades africanas, permitindo que os britânicos exercerem a sua influência política".

Facilitar o controle político: O governo indireto também facilitou o controle político dos britânicos sobre as populações africanas, pois permitiu que eles governassem indiretamente através das elites locais. Como afirmou Mahmood Mamdani em seu livro "Citizen and Subject: Contemporary Africa and the Legacy of Late Colonialism" (1996): "O governo indireto permitiu que os colonizadores governassem através das elites locais, facilitando o seu controle político sobre as populações africanas".

Essas são algumas das razões pelas quais os britânicos adotaram o governo indireto na África. Cada uma delas contribuiu para o sucesso dessa estratégia de colonização.

 

3.      Quais as intenções das políticas de administração adaptadas pelo Lugard?

Frederick Lugard foi um administrador colonial britânico que ajudou a desenvolver e implementar políticas de administração na Nigéria e em outras partes da África. Aqui estão algumas das intenções por trás das políticas de administração que Lugard adaptou:

Consolidação do controle britânico: Lugard acreditava que a administração colonial era essencial para consolidar o controle britânico sobre a Nigéria e outras partes da África. Como afirmou Lugard em seu livro "The Dual Mandate in British Tropical Africa" (1922): "A administração colonial é o meio pelo qual o controle efetivo é exercido sobre os povos nativos".

Controle das elites locais: Lugard acreditava que as elites locais poderiam ser usadas para ajudar a administrar os territórios coloniais e manter a ordem. Como afirmou Lugard em um relatório para o governo britânico em 1912: "Não podemos administrar a Nigéria sem a ajuda das classes superiores nativas, que devem ser utilizadas para o propósito".

Preservação das estruturas tradicionais: Lugard acreditava que as estruturas tradicionais das sociedades africanas deveriam ser preservadas, desde que não entrassem em conflito com as políticas coloniais. Como afirmou Lugard em "The Dual Mandate in British Tropical Africa": "As formas nativas de governo e as instituições sociais não devem ser suprimidas, a menos que entrem em conflito com os requisitos da administração".

Promoção do comércio e da indústria: Lugard acreditava que as políticas de administração deveriam ajudar a promover o comércio e a indústria britânicos na Nigéria e em outras partes da África. Como afirmou Lugard em "The Dual Mandate in British Tropical Africa": "A promoção do comércio e da indústria britânicos é uma das principais funções da administração colonial".

Essas são algumas das intenções por trás das políticas de administração adaptadas por Lugard na Nigéria e em outras partes da África. Como administrador colonial, ele acreditava que essas políticas ajudariam a promover o controle britânico, a estabilidade política e o desenvolvimento econômico na região.

Estudo de caso de Nigéria: quais foram os desafios do governo britânico na imposição do sistema do governo indireto?

O governo indireto foi uma política de administração colonial britânica que foi implementada na Nigéria e em outras partes da África. Embora tenha sido concebido como uma forma de governar efetivamente os territórios coloniais sem impor diretamente o governo britânico, o governo indireto enfrentou vários desafios na Nigéria. Aqui estão alguns exemplos:

Resistência dos líderes locais: O governo indireto dependia da cooperação dos líderes locais para governar os territórios coloniais. No entanto, alguns líderes locais resistiram à imposição do governo indireto. Como afirmou o historiador John Hargreaves em "Decolonization in Africa" (2001): "Muitos líderes africanos não queriam se submeter a um sistema que exigia que eles se tornassem funcionários de um poder estrangeiro".

Dificuldades de comunicação: O governo indireto também enfrentou dificuldades de comunicação entre as autoridades coloniais britânicas e os líderes locais. Como afirmou o historiador J.F. Ade Ajayi em "Christian Missions and the Western Impact on Africa" (1980): "Os líderes locais muitas vezes não compreendiam completamente o sistema de governo indireto e os objetivos britânicos, o que levou a mal-entendidos e conflitos".

Conflitos entre líderes locais: O governo indireto dependia da cooperação entre líderes locais para governar efetivamente os territórios coloniais. No entanto, às vezes havia conflitos entre líderes locais, o que dificultava a implementação do governo indireto. Como afirmou o historiador Toyin Falola em "A History of Nigeria" (1999): "As rivalidades entre líderes locais muitas vezes dificultavam a implementação do governo indireto".

Mudanças nas estruturas sociais: O governo indireto também enfrentou desafios à medida que as estruturas sociais africanas mudavam com o tempo. Como afirmou o historiador C.C. Wrigley em "A History of Nigeria" (1963): "As mudanças na sociedade africana, incluindo a urbanização e a ascensão de novas elites, tornaram cada vez mais difícil a implementação do governo indireto".

Esses são apenas alguns exemplos dos desafios que o governo indireto enfrentou na Nigéria. Embora tenha sido um sistema de governo amplamente utilizado pelos britânicos em seus territórios coloniais, sua implementação na Nigéria e em outras partes da África não foi sem dificuldades

5.      Quais foram as características do sistema de assimilação adaptado pela frança na africa ocidental e sua essência?

O sistema de assimilação foi uma política colonial francesa aplicada em partes da África Ocidental, que buscava "assimilar" a população local à cultura francesa e à sua forma de governo. Aqui estão algumas características desse sistema:

Adoção da cultura e língua francesas: A essência do sistema de assimilação era fazer com que a população local adotasse a cultura e a língua francesas. Como afirmou o historiador Martin Klein em "Slavery and Colonial Rule in French West Africa" (1998): "O objetivo final era a assimilação dos africanos à cultura francesa, o que significava aprender a língua e a cultura francesas".

Educação e formação: Para atingir esse objetivo, a França estabeleceu escolas e instituições de formação em todo o seu império colonial, incluindo a África Ocidental. Como afirmou o historiador Toyin Falola em "A History of Nigeria" (1999): "Os franceses estabeleceram escolas para ensinar a língua e a cultura francesas, bem como as habilidades necessárias para trabalhar em empregos do governo".

Controle político: Além de promover a cultura francesa, a França também buscou controlar politicamente as colônias na África Ocidental. Como afirmou o historiador Catherine Coquery-Vidrovitch em "Africa and the Africans in the Nineteenth Century: A Turbulent History" (1991): "O governo francês estabeleceu um sistema político que dava ao governador-geral amplos poderes para governar as colônias da África Ocidental".

Exclusão dos africanos do poder: Embora o objetivo do sistema de assimilação fosse "assimilar" os africanos à cultura francesa, os africanos ainda eram amplamente excluídos do poder político. Como afirmou o historiador Jean Suret-Canale em "French Colonialism in Tropical Africa, 1900-1945" (1971): "Os africanos podiam adotar a cultura francesa, mas não podiam participar plenamente no governo".

Essas são algumas das características do sistema de assimilação aplicado pela França na África Ocidental. Embora tenha sido apresentado como uma forma de integrar os africanos à cultura francesa, o sistema de assimilação também foi uma forma de manter o controle político sobre as colônias.

Como Portugal adaptou o seu sistema de administração de angola e como pode ser comparado aos sistemas de administração francesa?

Portugal adaptou seu sistema de administração em Angola ao longo do tempo, com mudanças significativas ocorrendo após a Segunda Guerra Mundial. Em comparação com o sistema de administração francês, o sistema português tinha algumas diferenças notáveis. Aqui estão algumas informações sobre as adaptações de Portugal e como elas se comparam ao sistema francês:

Centralização: A administração portuguesa em Angola era centralizada, com o poder concentrado nas mãos do governador-geral e de seus subordinados diretos. Como afirmou o historiador David Birmingham em "Portugal and Africa" (1999): "A administração portuguesa em Angola foi caracterizada pela centralização do poder nas mãos do governador-geral e seus principais assistentes".

Controle sobre a economia: A administração portuguesa em Angola também tinha um forte controle sobre a economia do território, com a exportação de recursos naturais sendo monopolizada pelo Estado. Como afirmou o historiador John Marcum em "Conciliation and Hegemony: The Portuguese in West Africa, 1870-1885" (1981): "O comércio exterior de Angola, incluindo o comércio de escravos, foi monopolizado pelo Estado português".

Diferenças na aplicação da força: Em comparação com a administração francesa, a administração portuguesa em Angola tendia a usar menos força militar para impor sua autoridade. Como afirmou Birmingham: "Ao contrário dos franceses, que muitas vezes recorreram à força militar para impor sua autoridade, a administração portuguesa em Angola tendia a confiar mais no uso da persuasão e do diálogo".

Participação limitada da população local: Em ambos os sistemas de administração, a participação da população local no governo era limitada. No entanto, a administração portuguesa em Angola permitia alguma participação indireta através do sistema de "chefia indígena", no qual líderes tribais eram reconhecidos e incentivados a cooperar com as autoridades portuguesas. Como afirmou o historiador Joseph Miller em "Way of Death: Merchant Capitalism and the Angolan Slave Trade, 1730-1830" (1988): "Os portugueses em Angola instituíram o sistema de 'chefia indígena', no qual os líderes tribais eram reconhecidos e cooptados em uma relação de dependência mútua com as autoridades portuguesas".

Em resumo, Portugal adaptou seu sistema de administração em Angola ao longo do tempo, com ênfase na centralização do poder e controle sobre a economia, bem como uma abordagem mais diplomática em relação à imposição da autoridade. Em comparação com a administração francesa, havia diferenças notáveis na aplicação da força e na participação indireta da população local através do sistema de "chefia indígena"

7.   Explique o sistema de justiça constituído para os africanos e contradições inerentes ao sistema dualista entre africanos indígenas e não indígenas segundo discussão em Mahomed Mamdani (capítulo 2).

O sistema de justiça constituído para os africanos durante o período colonial era caracterizado pelo dualismo legal entre africanos indígenas e não indígenas. Esta dualidade legal foi criada com o objetivo de manter o controle colonial sobre as sociedades africanas, através da imposição de uma ordem jurídica separada para africanos e europeus. O capítulo 2 do livro "Cidadania e Conflito na África Pós-colonial" de Mahomed Mamdani discute essa dualidade legal e as contradições inerentes ao sistema.

De acordo com Mamdani, a dualidade legal no sistema de justiça colonial foi criada para estabelecer uma diferença entre as leis aplicáveis aos africanos e as leis aplicáveis aos europeus. Essa separação permitiu que os colonizadores mantivessem o controle sobre os africanos, pois permitia que eles julgassem e punissem os africanos de acordo com suas próprias leis. Ao mesmo tempo, essa dualidade também criou um sistema legal em que os africanos não podiam ter as mesmas proteções legais que os europeus, o que criou contradições no sistema de justiça colonial.

Por exemplo, Mamdani argumenta que a dualidade legal criou uma contradição no que diz respeito à definição de crimes. De acordo com o sistema de justiça colonial, a lei aplicável aos africanos era baseada nas tradições locais, enquanto a lei aplicável aos europeus era baseada na lei ocidental. No entanto, muitas vezes havia um conflito entre esses sistemas legais.

Por exemplo, a lei ocidental considerava o roubo de gado um crime, mas a lei local não considerava a propriedade de gado como algo que poderia ser roubado. Isso criou uma contradição no sistema de justiça, onde uma pessoa podia ser julgada como criminosa ou inocente com base na lei aplicável a ela.

Outra contradição apontada por Mamdani é que, embora a lei aplicável aos africanos fosse baseada nas tradições locais, muitas vezes os próprios africanos não eram considerados como pertencentes a uma única comunidade, mas sim a uma série de comunidades diferentes. Essa falta de pertencimento a uma única comunidade criou dificuldades na aplicação da lei, já que não havia um sistema de jurisdição claramente definido para cada comunidade.

Em resumo, o sistema de justiça colonial na África foi caracterizado pela dualidade legal, com leis diferentes aplicáveis aos africanos e europeus. Essa dualidade criou contradições no sistema de justiça, como conflitos entre as leis ocidentais e locais e a falta de pertencimento dos africanos a uma única comunidade. Essas contradições foram usadas pelos colonizadores para manter o controle sobre as sociedades africanas, reforçando a ideia de que os africanos eram inferiores aos europeus e justificando a exploração colonial. As consequências dessas contradições persistem até hoje na África pós-colonial.

 

 

Referencias

ADE AJAYI, J. F. (1980). Christian Missions and the Western Impact on Africa.

ALAGOA, E. J. (1984). Indirect Rule and the Restitution of Traditional Authority in Nigeria.

BIRMINGHAM, D. (1999). Portugal and Africa.

COQUERY-VIDROVITCH, C. (1991). Africa and the Africans in the Nineteenth Century: A Turbulent History.

FALOLA, T. (1999). A History of Nigeria.

FALOLA, T. (2009). Colonialism and Violence in Nigeria.

GRAY, R. (1970). A History of the Southern Sudan, 1839-1889.

HARGREAVES, J. (2001). Decolonization in Africa.

KLEIN, M. (1998). Slavery and Colonial Rule in French West Africa.

LUGARD, F. J. D. (1912). Report on Amalgamation.

LUGARD, F. J. D. (1922). The Dual Mandate in British Tropical Africa.

MAMDANI, M. (1996). Citizen and Subject: Contemporary Africa and the Legacy of Late Colonialism.

MARCUM, J. (1981). Conciliation and Hegemony: The Portuguese in West Africa, 1870-1885.

MILLER, J. C. (1988). Way of Death: Merchant Capitalism and the Angolan Slave Trade, 1730-1830

NNOLI, O. (1980). Ethnic Politics in Nigeria.

RODNEY, W. (1972). How Europe Underdeveloped Africa.

SURET-CANALE, J. (1971). French Colonialism in Tropical Africa, 1900-1945.

WRIGLEY, C. C. (1963). A History of Nigeria.

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