Como
as políticas de administração colonial contribuíram para a nova territorialização
de africa?
As
políticas de administração colonial desempenharam um papel fundamental na nova
territorialização da África, que ocorreu durante o final do século XIX e início
do século XX. As potências coloniais europeias, como Grã-Bretanha, França,
Alemanha, Portugal, Espanha e Bélgica, utilizaram diferentes abordagens para
controlar e governar seus territórios coloniais na África.
Uma das políticas mais significativas foi a partilha do continente na Conferência de Berlim em 1884-1885. Nessa conferência, as potências coloniais europeias dividiram a África em diferentes áreas de influência e estabeleceram fronteiras arbitrárias, ignorando as fronteiras étnicas, culturais e linguísticas dos povos africanos. Isso resultou em conflitos e tensões étnicas e políticas que continuam a afetar a África até hoje.
Como
afirmado por Okwudiba Nnoli em seu livro "Ethnic Politics in Nigeria"
(1980): "O desenho das fronteiras arbitrárias que definiam os Estados
africanos era uma fonte de tensões e conflitos étnicos, muitos dos quais
persistem até hoje."
Além disso, as políticas de assimilação cultural e social, que forçaram os africanos a adoptar a língua, cultura e valores dos colonizadores, também contribuíram para a nova territorialização da África. Como afirmado por Toyin Falola em seu livro "Colonialism and Violence in Nigeria" (2009): "As políticas coloniais de assimilação cultural e social minaram as identidades e culturas africanas e contribuíram para a criação de identidades nacionais artificiais."
A exploração econômica dos recursos naturais da África também foi uma das principais políticas de administração colonial que contribuíram para a nova territorialização da África. Como afirmado por Mahmood Mamdani em seu livro "Citizen and Subject: Contemporary Africa and the Legacy of Late
Colonialism" (1996): "A exploração dos recursos naturais da África pelos colonizadores europeus contribuiu para a desigualdade e o subdesenvolvimento em todo o continente."
2. Quais
foram as razoes que ditaram o uso do governo indireto pelos britânicos?
O
governo indireto foi uma estratégia adotada pelos britânicos durante o processo
de colonização da África, e houve várias razões que ditaram o seu uso. Aqui
estão algumas das razões:
Eficiência
administrativa: Os britânicos consideravam o governo
indireto uma forma mais eficiente de governar, pois permitia que eles
controlassem grandes áreas geográficas com relativamente poucos funcionários.
Como afirmou Richard Gray em seu livro "A History of the Southern Sudan,
1839-1889" (1970): "O governo indireto foi uma resposta ao problema
de governar vastas áreas geográficas com um número limitado de
funcionários".
Custo:
O governo indireto também era uma opção mais barata para os britânicos, já que
eles não precisavam estabelecer uma administração centralizada em cada
território. Como afirmou Walter Rodney em seu livro "How Europe
Underdeveloped Africa" (1972): "O governo indireto permitiu aos
colonizadores governar vastas áreas com um mínimo de despesas
administrativas".
Preservação das
estruturas tradicionais: Os britânicos acreditavam que o
governo indireto preservaria as estruturas tradicionais das sociedades
africanas, ao mesmo tempo em que permitiria a sua influência política. Como
afirmou E.J. Alagoa em seu artigo "Indirect Rule and the Restitution of
Traditional Authority in Nigeria" (1984): "O governo indireto foi
uma forma de preservar as estruturas tradicionais das sociedades africanas,
permitindo que os britânicos exercerem a sua influência política".
Facilitar o controle
político: O governo indireto também facilitou o controle
político dos britânicos sobre as populações africanas, pois permitiu que eles
governassem indiretamente através das elites locais. Como afirmou Mahmood
Mamdani em seu livro "Citizen and Subject: Contemporary Africa and the
Legacy of Late Colonialism" (1996): "O governo indireto permitiu
que os colonizadores governassem através das elites locais, facilitando o seu
controle político sobre as populações africanas".
Essas são algumas das razões pelas quais os britânicos adotaram o governo indireto na África. Cada uma delas contribuiu para o sucesso dessa estratégia de colonização.
3. Quais
as intenções das políticas de administração adaptadas pelo Lugard?
Frederick
Lugard foi um administrador colonial britânico que ajudou a desenvolver e implementar
políticas de administração na Nigéria e em outras partes da África. Aqui estão
algumas das intenções por trás das políticas de administração que Lugard
adaptou:
Consolidação do controle
britânico: Lugard acreditava que a administração colonial era
essencial para consolidar o controle britânico sobre a Nigéria e outras partes
da África. Como afirmou Lugard em seu livro "The Dual Mandate in
British Tropical Africa" (1922): "A administração colonial é o
meio pelo qual o controle efetivo é exercido sobre os povos nativos".
Controle das elites
locais: Lugard acreditava que as elites locais poderiam ser
usadas para ajudar a administrar os territórios coloniais e manter a ordem.
Como afirmou Lugard em um relatório para o governo britânico em 1912: "Não
podemos administrar a Nigéria sem a ajuda das classes superiores nativas, que
devem ser utilizadas para o propósito".
Preservação das
estruturas tradicionais: Lugard acreditava que as estruturas
tradicionais das sociedades africanas deveriam ser preservadas, desde que não
entrassem em conflito com as políticas coloniais. Como afirmou Lugard em "The
Dual Mandate in British Tropical Africa": "As formas nativas de
governo e as instituições sociais não devem ser suprimidas, a menos que entrem
em conflito com os requisitos da administração".
Promoção do comércio e da
indústria: Lugard acreditava que as políticas de administração
deveriam ajudar a promover o comércio e a indústria britânicos na Nigéria e em
outras partes da África. Como afirmou Lugard em "The Dual Mandate in
British Tropical Africa": "A promoção do comércio e da indústria
britânicos é uma das principais funções da administração colonial".
Essas são algumas das intenções por trás das políticas de administração adaptadas por Lugard na Nigéria e em outras partes da África. Como administrador colonial, ele acreditava que essas políticas ajudariam a promover o controle britânico, a estabilidade política e o desenvolvimento econômico na região.
Estudo
de caso de Nigéria: quais foram os desafios do governo britânico na imposição do
sistema do governo indireto?
O
governo indireto foi uma política de administração colonial britânica que foi
implementada na Nigéria e em outras partes da África. Embora tenha sido
concebido como uma forma de governar efetivamente os territórios coloniais sem
impor diretamente o governo britânico, o governo indireto enfrentou vários
desafios na Nigéria. Aqui estão alguns exemplos:
Resistência dos líderes
locais: O governo indireto dependia da cooperação dos líderes
locais para governar os territórios coloniais. No entanto, alguns líderes
locais resistiram à imposição do governo indireto. Como afirmou o historiador
John Hargreaves em "Decolonization in Africa" (2001):
"Muitos líderes africanos não queriam se submeter a um sistema que exigia
que eles se tornassem funcionários de um poder estrangeiro".
Dificuldades de
comunicação: O governo indireto também enfrentou
dificuldades de comunicação entre as autoridades coloniais britânicas e os
líderes locais. Como afirmou o historiador J.F. Ade Ajayi em "Christian
Missions and the Western Impact on Africa" (1980): "Os líderes
locais muitas vezes não compreendiam completamente o sistema de governo
indireto e os objetivos britânicos, o que levou a mal-entendidos e conflitos".
Conflitos entre líderes
locais: O governo indireto dependia da cooperação entre
líderes locais para governar efetivamente os territórios coloniais. No entanto,
às vezes havia conflitos entre líderes locais, o que dificultava a
implementação do governo indireto. Como afirmou o historiador Toyin Falola em
"A History of Nigeria" (1999): "As rivalidades entre
líderes locais muitas vezes dificultavam a implementação do governo
indireto".
Mudanças nas estruturas
sociais: O governo indireto também enfrentou desafios à
medida que as estruturas sociais africanas mudavam com o tempo. Como afirmou o
historiador C.C. Wrigley em "A History of Nigeria" (1963):
"As mudanças na sociedade africana, incluindo a urbanização e a ascensão
de novas elites, tornaram cada vez mais difícil a implementação do governo
indireto".
Esses são apenas alguns exemplos dos desafios que o governo indireto enfrentou na Nigéria. Embora tenha sido um sistema de governo amplamente utilizado pelos britânicos em seus territórios coloniais, sua implementação na Nigéria e em outras partes da África não foi sem dificuldades
5. Quais
foram as características do sistema de assimilação adaptado pela frança na africa
ocidental e sua essência?
O
sistema de assimilação foi uma política colonial francesa aplicada em partes da
África Ocidental, que buscava "assimilar" a população local à cultura
francesa e à sua forma de governo. Aqui estão algumas características desse
sistema:
Adoção da cultura e
língua francesas: A essência do sistema de assimilação era
fazer com que a população local adotasse a cultura e a língua francesas. Como
afirmou o historiador Martin Klein em "Slavery and Colonial Rule in
French West Africa" (1998): "O objetivo final era a assimilação
dos africanos à cultura francesa, o que significava aprender a língua e a
cultura francesas".
Educação e formação:
Para atingir esse objetivo, a França estabeleceu escolas e instituições de
formação em todo o seu império colonial, incluindo a África Ocidental. Como
afirmou o historiador Toyin Falola em "A History of Nigeria"
(1999): "Os franceses estabeleceram escolas para ensinar a língua e a
cultura francesas, bem como as habilidades necessárias para trabalhar em
empregos do governo".
Controle político:
Além de promover a cultura francesa, a França também buscou controlar
politicamente as colônias na África Ocidental. Como afirmou o historiador
Catherine Coquery-Vidrovitch em "Africa and the Africans in the
Nineteenth Century: A Turbulent History" (1991): "O governo
francês estabeleceu um sistema político que dava ao governador-geral amplos
poderes para governar as colônias da África Ocidental".
Exclusão dos africanos do
poder: Embora o objetivo do sistema de assimilação fosse
"assimilar" os africanos à cultura francesa, os africanos ainda eram
amplamente excluídos do poder político. Como afirmou o historiador Jean
Suret-Canale em "French Colonialism in Tropical Africa, 1900-1945"
(1971): "Os africanos podiam adotar a cultura francesa, mas não podiam
participar plenamente no governo".
Essas são algumas das características do sistema de assimilação aplicado pela França na África Ocidental. Embora tenha sido apresentado como uma forma de integrar os africanos à cultura francesa, o sistema de assimilação também foi uma forma de manter o controle político sobre as colônias.
Como Portugal adaptou o seu sistema de administração
de angola e como pode ser comparado aos sistemas de administração francesa?
Portugal
adaptou seu sistema de administração em Angola ao longo do tempo, com mudanças
significativas ocorrendo após a Segunda Guerra Mundial. Em comparação com o
sistema de administração francês, o sistema português tinha algumas diferenças
notáveis. Aqui estão algumas informações sobre as adaptações de Portugal e como
elas se comparam ao sistema francês:
Centralização: A
administração portuguesa em Angola era centralizada, com o poder concentrado
nas mãos do governador-geral e de seus subordinados diretos. Como afirmou o
historiador David Birmingham em "Portugal and Africa" (1999): "A
administração portuguesa em Angola foi caracterizada pela centralização do
poder nas mãos do governador-geral e seus principais assistentes".
Controle sobre a
economia: A administração portuguesa em Angola também tinha um forte controle
sobre a economia do território, com a exportação de recursos naturais sendo
monopolizada pelo Estado. Como afirmou o historiador John Marcum em "Conciliation
and Hegemony: The Portuguese in West Africa, 1870-1885" (1981):
"O comércio exterior de Angola, incluindo o comércio de escravos, foi
monopolizado pelo Estado português".
Diferenças na aplicação
da força: Em comparação com a administração francesa, a administração
portuguesa em Angola tendia a usar menos força militar para impor sua
autoridade. Como afirmou Birmingham: "Ao contrário dos franceses, que
muitas vezes recorreram à força militar para impor sua autoridade, a
administração portuguesa em Angola tendia a confiar mais no uso da persuasão e
do diálogo".
Participação limitada da
população local: Em ambos os sistemas de administração, a participação da
população local no governo era limitada. No entanto, a administração portuguesa
em Angola permitia alguma participação indireta através do sistema de
"chefia indígena", no qual líderes tribais eram reconhecidos e
incentivados a cooperar com as autoridades portuguesas. Como afirmou o
historiador Joseph Miller em "Way of Death: Merchant Capitalism and the
Angolan Slave Trade, 1730-1830" (1988): "Os portugueses em Angola
instituíram o sistema de 'chefia indígena', no qual os líderes tribais eram
reconhecidos e cooptados em uma relação de dependência mútua com as autoridades
portuguesas".
Em resumo, Portugal adaptou seu sistema de administração em Angola ao longo do tempo, com ênfase na centralização do poder e controle sobre a economia, bem como uma abordagem mais diplomática em relação à imposição da autoridade. Em comparação com a administração francesa, havia diferenças notáveis na aplicação da força e na participação indireta da população local através do sistema de
"chefia indígena"
7. Explique
o sistema de justiça constituído para os africanos e contradições inerentes ao
sistema dualista entre africanos indígenas e não indígenas segundo discussão em
Mahomed Mamdani (capítulo 2).
O
sistema de justiça constituído para os africanos durante o período colonial era
caracterizado pelo dualismo legal entre africanos indígenas e não indígenas.
Esta dualidade legal foi criada com o objetivo de manter o controle colonial
sobre as sociedades africanas, através da imposição de uma ordem jurídica
separada para africanos e europeus. O capítulo 2 do livro "Cidadania e
Conflito na África Pós-colonial" de Mahomed Mamdani discute essa dualidade
legal e as contradições inerentes ao sistema.
De acordo com Mamdani, a dualidade legal no sistema de justiça colonial foi criada para estabelecer uma diferença entre as leis aplicáveis aos africanos e as leis aplicáveis aos europeus. Essa separação permitiu que os colonizadores mantivessem o controle sobre os africanos, pois permitia que eles julgassem e punissem os africanos de acordo com suas próprias leis. Ao mesmo tempo, essa dualidade também criou um sistema legal em que os africanos não podiam ter as mesmas proteções legais que os europeus, o que criou contradições no sistema de justiça colonial.
Por exemplo, Mamdani argumenta que a dualidade legal criou uma contradição no que diz respeito à definição de crimes. De acordo com o sistema de justiça colonial, a lei aplicável aos africanos era baseada nas tradições locais, enquanto a lei aplicável aos europeus era baseada na lei ocidental. No entanto, muitas vezes havia um conflito entre esses sistemas legais.
Por exemplo, a lei ocidental considerava o roubo de gado um crime, mas a lei local não considerava
a propriedade de gado como algo que poderia ser roubado. Isso criou uma contradição no sistema de justiça, onde uma pessoa podia ser julgada como criminosa ou inocente com base na lei aplicável a ela.
Outra contradição apontada por Mamdani é que, embora a lei aplicável aos africanos fosse baseada nas tradições locais, muitas vezes os próprios africanos não eram considerados como pertencentes a uma única comunidade, mas sim a uma série de comunidades diferentes. Essa falta de pertencimento a uma única comunidade criou dificuldades na aplicação da lei, já que não havia um sistema de jurisdição claramente definido para cada comunidade.
Em resumo, o sistema de justiça colonial na África foi caracterizado pela dualidade legal, com leis diferentes aplicáveis aos africanos e europeus. Essa dualidade criou contradições no sistema de justiça, como conflitos entre as leis ocidentais e locais e a falta de pertencimento dos africanos a uma única
comunidade. Essas contradições foram usadas pelos colonizadores para manter o controle sobre as sociedades africanas, reforçando a ideia de que os africanos eram inferiores aos europeus e justificando a exploração colonial. As consequências dessas contradições persistem até hoje na África pós-colonial.
Referencias
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Christian Missions and the Western Impact on Africa.
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the Southern Sudan, 1839-1889.
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