Anucios

quinta-feira, 20 de julho de 2023

Como criar um bloguer gratis e ganhar dinheiro

Para criar um blog gratuitamente e rentabilizá-lo, siga estes passos

 

1.      Escolha uma plataforma de blogging

Existem várias opções gratuitas para criar um blog, como WordPress.com, Blogger, Wix, Tumblr, entre outros. Escolha a que melhor se adapte às suas necessidades em termos de personalização e recursos.

 

2.     Escolha um nicho

Defina o tema sobre o qual você deseja escrever. Escolha um nicho que você seja apaixonado e que tenha potencial de interesse para o público.

 

3.     Crie conteúdo de qualidade

Produza conteúdo relevante, útil e bem escrito. Consistência é importante, portanto, estabeleça uma programação para as publicações e mantenha-a.

4.     Optimize para SEO

Aprenda sobre otimização para mecanismos de busca (SEO) para melhorar a visibilidade do seu blog nos resultados de pesquisa. Use palavras-chave relevantes em seus títulos, texto e meta descrições.

 

5.      Promova seu blog

Compartilhe seus posts em mídias sociais e participe de comunidades online relacionadas ao seu nicho. O marketing boca a boca também pode ajudar a aumentar sua audiência.

 

6.      Construa uma audiência

Interaja com seus leitores respondendo a comentários e incentivando a participação. Isso ajudará a criar uma base de leitores fiéis.

 

7.     Monetize o blog

Agora que você tem um blog e audiência crescente, é hora de começar a rentabilizá-lo:

 

7.1.          Programas de afiliados

Afiliando-se a programas de empresas que oferecem produtos ou serviços relacionados ao seu nicho. Você receberá uma comissão por cada venda feita através do seu link de afiliado.

 

7.2.          Publicidade online

Inscreva-se em plataformas de publicidade, como o Google AdSense, para exibir anúncios relevantes no seu blog. Você ganhará dinheiro cada vez que alguém clicar nos anúncios.

 

7.3.          Marketing de conteúdo

Se você ganhar reputação como especialista no seu nicho, poderá ser procurado por empresas que queiram patrocinar conteúdo no seu blog.

 

7.4.          Produtos e serviços próprios

Se você tiver habilidades especiais ou conhecimentos únicos, considere criar produtos digitais, como e-books, cursos online ou consultorias pagas.

 

7.5.           Acompanhe o desempenho

Utilize ferramentas de análise, como o Google Analytics, para acompanhar o tráfego do seu blog, a origem dos visitantes e o desempenho das suas estratégias de monetização. Isso permitirá que você ajuste sua abordagem e maximize seus ganhos.

 

Lembre-se de que a rentabilização de um blog requer tempo e dedicação. Concentre-se em criar conteúdo valioso e construir uma audiência antes de se preocupar com os ganhos financeiros. Com esforço consistente e perseverança, você pode tornar seu blog uma fonte de renda viável. 

sábado, 10 de junho de 2023

Análise do Impacto dos “7 Milhões” de Meticais no Desenvolvimento Local do Distrito de Namaacha 2014-2015


Resumo

O presente trabalho, insere-se nas abordagens teóricas e praticas sobre a análise do impacto dos “7 Milhões de Meticais” no Desenvolvimento local com foco nos seus critérios de funcionamento. Este estudo compreendeu uma selecção de 101 beneficiários dos 7 Milhões de Meticaisfinanciados no distrito de Namaacha nos dois anos do distrito de Namaacha (2014-2105) que se encontram dispersos nas comunidades do distrito. A pesquisa ainda envolveu 4 técnicos de gestão e avaliação dos projectos, os respectivos membros do Conselho Consultivo distrital CCD e 4 Membros do Concelho Consultivo Local CCL de algumas localidades do distrito. O objectivo principal desta pesquisa foi de analisar o impacto que esta estratégia tem para com o desenvolvimento local. Este valor tem suas formas de materialização onde envolvem órgãos que fazem a gestão e protocolos que orientam os órgãos de gestão e avaliação dos projectos. Contudo, constatou-se uma série de constrangimentos no que diz respeito a aplicação das medidas punitivas patentes no manual de procedimentos, pouco ou inexistência de reembolso dos valores para que outros também venham se beneficiar. Portanto identificou-se que nesses dois anos, foram aprovados 217 projectos proporcionando 532 postos de emprego, apresentado baixa taxa de reembolso praticamente 80% dos projectos desses dois anos não cumprem com o reembolso por uma série de problemas como: falta do meio próprio de transporte, fraco incentivo à comissão técnica de avaliação, falta de formação técnica profissional em gestão e avaliação entre outros que são mencionados em longo do trabalho.

Palavras-chave: FDD, Desenvolvimento comunitário, Desenvolvimento local.


Introdução

Esta pesquisa tem como tema análise do impacto dos “7 Milhões de Meticais” no Desenvolvimento Local do Distrito de Namaacha (2014-2015), falar do Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD) ressalta uma espiritualidade crítica de carácter científico assim como para económico e políticas estratégicas para o bem-estar da população, torna-se frequente o enquadramento no mundo científico o estudo das políticas económicas porque ajuda a perceber a ligação que há entre as estruturas sociais e as estratégias económicas tendentes a melhoria de vida da mesma sociedade. No entanto, muitas estratégias económicas são traçadas sem se ter em conta a estrutura social, ou seja, a adequação da mesma para a realidade local, conhecendo os aspectos psicossociais da comunidade pobre e os ideiais para com a necessidade de melhoria das suas vidas.

O objectivo de analisar o impacto dos “7 Milhões de Meticais” no desenvolvimento local, é uma necessidade que surge a partir das suas próprias políticas de gestão, as abordagens no mundo da ciência, críticas sobre a sua materialização reparando na sua sustentabilidade e o contributo do mesmo para alavancar a vida dos alvos.

O impacto do Fundo de Desenvolvimento Distrital no crescimento local, económico e social no Distrito de Namaacha, surge de uma analogia sobre o poder económico que o distrito possui em comparação da influência económica que desse valor tem, e sendo como uma janela de oportunidade para revitalizar o empreendedorismo. Sem deixar detrás o facto de que esse valor também tem grandes defeitos de gestão, o que faz acreditar que a sua sustentabilidade não seja notável. Por isso neste trabalho usou-se numa primeira fase o método Hipotético-dedutivo na perspectiva de descobrir as razões do erro sendo apresentado assim os resultados numa abordagem descritiva onde envolveu método misto, isto é, quantitativo e qualitativo. Portanto a pesquisa foi norteada pelas seguintes questões:

 

·   Quais são os critérios de avaliação e aprovação dos projectos dos proponentes ao Fundo Distrital de Desenvolvimento (FDD)?

·        Qual é o desenvolvimento dos projectos dos beneficiários locais do FDD?

·        Qual é o grau de sustentabilidade (Reembolso do valor) distrital do FDD?

Métodos

No que refere a metodologia que foi usada neste trabalho, optou-se numa primeira fase o método Hipotético-Dedutivo que se inicia por um problema ao que se refere uma espécie de solução provisória, uma teoria-tentativa passando-se depois a criticar a solução com vista a eliminação do erro.

Tipo de abordagem

Usou-se nesta pesquisa abordagem (Descritiva), isto é, abordagem quantitativa e qualitativa, que segundo os objectivos desta pesquisa abarca uma abordagem descritiva onde apresenta-se levantamento de dados com sua respectiva explicação das razões do levantamento.

Em seguida foram usados dois métodos nomeadamente método de documentação indirecto e directo. O indirecto usou-se na vertente de pesquisa bibliográfica de materiais como artigos, relatórios, teorias e documentos governamentais já elaborados e disponíveis na internet que abordam assuntos relacionados ao tema em destaque. para se dar o suporte científico, o que permitiu o acesso de muitos dados dispersos, mas dando assim uma visão ampla sobre o assunto.

E o directo: foi usado para proceder-se uma técnica de observação directa intensiva dos relatórios semestrais e anuais onde aplicaram-se também técnicas de recolha de dados através de aplicação de questionários e entrevista para os actores envolvidos na matéria em questão.

População e amostra

Faz parte da população todo benefiario do FDD do distrito e que o tipo de amostragem usado nesta pesquisa é probabilístico “que se baseia na escolha aleatória dos pesquisados, significando o aleatório que a seleção se faz de forma que cada membro da população tenha a mesma probabilidade de ser escolhido.”

Contudo dos 217 projectos financiados no distrito de Namaacha de 2014-2015, seleccionaou-se apenas 101 mutuários de projectos de várias naturezas como individuais e colectivas das 6 diferentes áreas de actividades sectoriais dos quais 38 são mulheres e 63 são homens. E em cada sector escolheu-se determinado número de projectos de beneficiários do FDD para se realizar a entrevista como ilustra a tabela a seguir.

Tabela 1. Mutuários entrevistados

 

Ordem

 

Sector

Número de mutuários entrevistados

Total

Homem

Mulher

HM

1

Agricultura

12

8

20

2

Pesca

1

-

1

3

Comércio

17

13

30

4

Indústria

17

3

20

5

Pecuária

10

10

20

6

Outros serviços

6

4

10

Total

 

63

38

101

Fonte: Adaptado (2016).

Aplicou-se um questionário para 4 técnicos da administração do distrito que trabalham na avaliação e aprovação dos projectos (CCD), 4 membros do Conselho Consultivo Local (CCL) do Posto Administrativo de Changalane e 4 da localidade de Mahelane no total fazendo 8 membros do CCL. 


Apresentação de dados 
Segundo o questionário feito aos técnicos de avaliação e aprovação dos projectos, o processo de avaliação e aprovação dos projectos para o acesso ao FDD é determinado por um conjunto de critérios aplicáveis aos proponentes dos projectos e tipos de projectos conforme a tabela abaixo. 

Tabela 2. Resultados dos questionários aplicados aos CCD e CCL.

 

Ondem

 

Perguntas

Respostas

Associações

Individuais

 

 

 

1

Quais são os critérios de elegibilidade dos beneficiários?

Estar legalmente registadas

Ser residente do local onde quer implementar o projecto

Os membros devem ser residentes na unidade territorial

Ser de nacionalidade moçambicana

Operar no território onde pretendem implementar

Ser considerado idóneo pelas autoridades comunitárias locais

Ser constituídos por cidadãos nacionais

Ter idade não inferior a 18 anos

Possuir NUIT

Possuir NUIT

 

 

2

Como pode ser a elegibilidade das propostas dos projectos?

 

Devem ser projectos de geração de emprego

Projectos de geração de comida

Devem ser ligados ao desenvolvimento económico local

Impactantes no quadro de combate a pobreza

Ligados aos planos estratégicos de desenvolvimento do distrito

Fonte: Adaptado (2016).

O quadro abaixo demonstra os projectos prioritários e exequíveis com seus respectivos valores máximos de cada sector e a percentagem dos juros aplicados aos mutuários e o período de carência.

Tabela 3. Sectores prioritários e o limite de financiamento por sector

Sectores prioritários

 

Limite do financiamento em (MT)

Juros

Período de

Carência

Prazo

Indivíduos

Associações

Agricultura

Até 200.000

Até 350,000

3%

3-24 Meses

12-60 Meses

Pecuária

Até 75,000

Até 350,000

3%

3-12 Meses

30-60 Meses

Geoprocessamento

Até 200,000

Até 350,000

3%

3 Meses

60 Meses

Pesca e piscicultura

Até 350,000

Até 350,000

3%

2-9 Meses

18-60 Meses

Indústria

Até 100,000

Até 200,000

4%

2-6 Meses

36-60 Meses

Comércio

Até 100,000

Até 150,000

5%

2-6 Meses

18-60 Meses

Serviços

Até 100,000

Até 200,000

3 a 6%

2 Meses

18 Meses

Turismo

Até 100,000

Até 130,000

5%

6 Meses

60 Meses

Fonte: Manual de procedimentos (2011).

 

O questionário aplicado aos membros do CCD e CCL incluindo neste grupo o chefe do posto, visto que também pertence aos membros de CCL em relação a aplicação e execução do FDD reagiram segundo o que o quadro abaixo apresenta.

 Tabela 4. Resultado de questionários aplicados aos CCD e CCL

Ordem

Perguntas

Respostas

1

Existe uma forma de incentivo para os membros do CCD e CCL?

Sim. Através do pagamento de guia de marcha, mas não é de forma imediata

2

Os membros do CCD e CCL todos têm formação profissional em matéria de gestão e avaliação de projectos?

Não?

3

O FDD tem meios próprios de transporte adequado para dar-se o acompanhamento dos projectos em execução?

Não tem

4

Em que mês do ano têm sido aprovados os projectos?

Março

5

Qual tem sido a eficiência dos CCD e CCL na avaliação e aprovação dos projectos?

Tem sido um processo lento, mas transparente porque todos são envolvidos no processo de aprovação

6

Qual tem sido a consideração do género na avaliação e aprovação dos projectos?

São priorizados projectos que envolvem mulheres, jovens e associações

7

Em caso de não reembolso do valor existe uma medida sancionatória?

Sim. Mas a sua aplicação não tem sido frequente

Fonte: Adaptado (2016).

Discussão dos resultados

De acordo com a entrevista que se fez aos mutuários para a percepção da movimentação, execução regular e a monitoria dos projectos do FDD, revela uma situação que logo é apresentada no gráfico a seguir.

Figura 1: Nível de respostas sobre Situações sancionatórias, alcance dos objectivos e supervisão regular

Fonte: Adaptado (2016).

Segundo os resultados apresentados nos gráficos acima, relativamente a situação de existência de supervisão regular dos 101 mutuários inqueridos 100% revela uma situação de desconhecimento de supervisão sobre ponto de situação dos projectos. Para a questão da existência de medidas sancionatórias também dos 100% apresenta uma situação de desconhecimento total de mutuários que já receberam medidas sancionatórias por não conseguirem reembolsar, no que diz respeito ao alcance dos objectivos 42% apresenta uma situação de firmeza de alcance dos objectivos e 58% apresenta uma realidade de não conseguir alcançar os seus objectivos por razões de várias ordens como:

·         Problemas de saúde da família;

·         Falta de adequação dos projectos com a realidade local.

Dos 217 projectos financiados nos anos 2014-2015, os que conseguem fazer um reembolso são 42 projectos reflectindo um número total de não reembolso 175 projectos, fazendo uma percentagem de 80%. Ao que tudo indica apenas os 20% de todos projectos financiados nos dois anos é que garante o alcance dos seus objectivos.

 

Figura 2: Variação da percentagem dos projectos do distrito que cumprem com reembolso e dos que não cumprem 2014-2015.

Fonte: Adaptado (2016).                                                    

 

De acordo com os relatórios em arquivo na Administração do distrito de Namaacha 2014-2015, em 2014, o distrito financiou 100 projectos de variados sectores proporcionando emprego um número total de 245 indivíduos, num valor igual a 96.928.871,50 Mt. E apenas conseguiu 284.425,00Mt de reembolso correspondente a 3.48%. E em 2015 foram financiados 117 projectos de diferenciados sectores proporcionando integração de 278 indivíduos num valor igual a 11.157.610,00Mt apenas conseguiu um reembolso de 39.300,00Mt correspondente a 0,71%.

Segundo os mapas de projectos de administração do distrito de Namaacha, 2014-2015, o ano 2015, apresenta uma baixa percentagem dos projectos que conseguem reembolsar comparativamente ao ano 2014. Mas mesmo assim, o ano 2014 deveria ter apresentado maior percentagem ainda em relação ao ano 2015, tendo em vista os períodos de carência que alguns projectos gozam pela sua natureza do período de produção dependendo do sector.

 

Medidas sancionatórias

Segundo o artigo 8, do contrato do empréstimo do FDD no manual de procedimentos, (2011:41), enfatiza que o não cumprimento das obrigações leva a aplicação das seguintes medidas:

a)    Suspensão imediata dos valores da prestação em falta;

b)    Encaminhamento aos órgãos competentes (no caso de não haver acordo);

c)    Comunicação a outros valores fundos similares que operam no distrito (ou província);

d)    Retirada do bem financiado sob decisão dos órgãos competentes.

 

Mas segundo as informações que foram colhidas através das entrevistas aos beneficiários e dos questionários aplicados aos técnicos de gestão e avaliação dos projectos, encontrou-se uma situação da falta de aplicação desse artigo que em contrapartida podia condicionar aos beneficiários a trabalharem com muita responsabilidade quanto ao reembolso desse valor.

A falta de uma boa forma de monitoria e avaliação do ponto de situação dos projectos dos mutuários contribui na inviabilização dos projectos para além de que há desvio de aplicação nos projectos propostos, ou seja, a actividade na qual alguns beneficiários propõem desenvolver não são os que aplicam em campo, isso inviabiliza os projectos e traz impactos negativos ao desenvolvimento local.

 

Referente ao questionário aplicado aos técnicos de avaliação e gestão do FDD, revelou o que o FDD apresenta as seguintes dificuldades:

·         Próprio meio de transporte;

·         O incentivo a comissão técnica de avaliação dos projectos não tem sido imediato;

·         Falta de formação técnica profissional em matéria de gestão e avaliação dos projectos do pessoal da comissão técnica e avalição dos projectos;

·         Falta de uma supervisão regular dos projectos através da componente trasporte.


Reembolso e a sustentabilidade do FDD

Segundo a realidade do reembolso que é apresentada pelo mapa de projectos em arquivo na administração do distrito de Namaacha, 2014-2015, revela uma realidade de baixa taxa de reembolso do valor através de uma série de problemas vindos das políticas do próprio valor tendo em conta que o manual de procedimento em sua abordagem de monitoria e avaliação do FDD, (2011:11), enfatiza que a monitoria do mesmo deve ser feita a dois níveis nomeadamente:

1.    A nível do prόprio FDD, com vista a fazer o acompanhamento do processo de acompanhamento do FDD e;

2.    A nivel dos projectos com vista a fazer o acompanhamento do ponto de situação dos projectos financiados.

Destes preceitos do FDD não são materializados em campo, ou seja, não apresenta uma situação sólida de avaliação e acompanhamento do ponto de situação dos projectos através da exiguidade do valor. Tendo em conta que segundo o Manual de Procedimentos (2011:9) aborda que a conta específica do FDD deve ser alimentada anualmente por 80% dos juros dos empréstimos reembolsados, para despesas de administração do FDD (material do escritório, ajudas de custo e combustíveis exclusivamente as visitas de monitoria).

Fazendo um reparo deste procedimento do destino dos juros, estava bem traçado para fazer movimentar bem estes valores, porque de certa forma incentivaria aos próprios técnicos gestores de avaliação dos projectos, o que garantiria eficácia do funcionamento do FDD se os níveis de reembolso oferecessem uma sustentabilidade. A falta do transporte próprio deste fundo cria também morosidade na supervisão regular dos projectos pois tem sido usado o mesmo transporte da administração que serve para outros serviços para a supervisão do FDD.

Estes fenómenos não oferecem uma sustentabilidade segura do valor para permitir que os outros cidadãos também consigam ter acesso dos mesmos recursos, garantindo uma repartição efectiva desta dotação financeira. Apenas assiste-se uma situação de saídas e não entradas para a sustentabilidade. Por vezes o que faz com que dos projectos aprovados não sejam exequíveis é através da falta do conhecimento profundo de gestão e avaliação de projectos pela parte da comissão técnica de gestão e avaliação dos mesmos em relação a adequação da realidade local para execução dos projectos, o que faz com que os beneficiários não tenham sucessos comprometendo assim a situação do reembolso.

Segundo os inquéritos aos mutuários e, observações feitas nos seus projectos, demonstram um ponto de situação não agradável e receiam não conseguir reembolsar todo valor através da adequação dos mesmos à realidade local. E de todos que foram questionados revelam a falta de supervisão o que faz com que fiquem ainda na mansidão sem reembolsar o valor e ainda dando aos mesmos o caminho da prática da mão estendida,porque se conseguissem devolver todo valor de certeza teriam a chance de pedir de novo. Do valor que conseguem pagar não conseguem entregar os talões e queixam-se de custos adicionais no depósito do valor através da distância aos bancos principalmente os que ficam nas localidades.

Fazendo um reparo numa questão positiva na análise desses dois anos pode-se perceber que há maior integração dos cidadãos deste distrito aos postos de emprego, no caso de 2014, o número de postos de emprego criados supera o número dos projectos aprovados, isso significa que dos 100 projectos aprovados em 2014, proporcionaram 245 postos de emprego que dos quais 114 são mulheres e 131 são homens. E acontece um caso similar em 2015, dos 117 projectos financiados proporcionaram 278 postos de emprego, dos quais 111 são mulheres e 167 homens, um número maior em comparação do ano 2014. Os gráficos a seguir apresentam a percentagem dos postos de emprego.

 

Figura 3: Postos de emprego 2014 -2015

Fonte: Administração do Distrito de Namaacha (2014-2015)


Estes gráficos demonstram exactamente que a percentagem maior dos beneficiários é dos homens em relação as mulheres nos dois anos tendo em conta que segundo o INE, (2007), aponta que do número total da população do distrito a mulher representa 50,4%. O que quer dizer que a maioria é feminina, o que deveria ter sido apresentado ao contrário na taxa dos postos de empregos criados nestes últimos dois anos em relação ao género.

Apesar de que a IBIS, (2010:9), aborda que este valor não avança com nenhum princípio que orienta o processo de representatividade ou atribuição dos fundos na óptica do género. Mas a comissão técnica deste distrito diz priorizar muitos projectos que envolvem mulheres, e enfatizam que há fraca aderência das mulheres ao FDD neste distrito. Isso acontece por uma simples razão, embora em Moçambique existam acções que trabalham em prol da equidade do género, mas ainda existem situações de culturas de diferenciação dos papéis do género. Cabendo na mulher acções do domínio do espaço doméstico e de gestão do lar, principalmente as que não foram a escola tendo em conta que a taxa do analfabetismo neste distrito é elevada nas mulheres.

Em contrapartida dentro dos 42 projectos que cumprem com o reembolso a mulher representa 55%, ao que tudo indica que o maior número do reembolso é da mulher, isso dá conclusão que a mulher tem a maior responsabilidade nas suas actividades.

 

O FDD e outros microcréditos

O FDD é o maior instrumento de revitalização das iniciativas locais de empreendedorismo principalmente a pessoas que não possam ter acesso a outros microcréditos cheios de formalidades, riscos e com taxas de juro elevadas. Do ponto de vista político o FDD reforça uma governação participativa estimulando uma interactividade entre os governantes e a comunidade local. No ponto de vista social comparativamente aos outros microcréditos, o FDD constitui um grande incentivo do espírito da cidadania, inclusão e participação das comunidades rurais no processo de desenvolvimento local.

E devido a elevadas taxas de juro dos outros microcréditos como a Pró-crédito, Tchuma, Culima e mais, uma outra razão que é a não existência de bancos nos distritos e a falta de exclusividades ao seu acesso, o FDD ganha um espaço especial na sociedade Moçambicana.

Dando exemplos de referência, a Pró-crédito, Tchuma, Socremo são microcréditos que tem muitas exclusividades onde as taxas de juros variam de 4,5% a 5,75% mensal, enquanto o FDD apresenta uma taxa única do valor total concedido até o período todo sem depender a evolução da sua actividade comercial. Ao passo que os microcréditos antes referenciados o valor máximo do crédito é pouco e o prazo é curto com taxas elevadas e o proponente deve dar garantia de bens domésticos o que posteriormente em casos de não reembolso excutam os bens dos proponentes.

 

Conclusões

De acordo com os dados apresentados neste trabalho é possível perceber que o FDD, é um verdadeiro instrumento de incremento do desenvolvimento das comunidades Moçambicanas através do seu teor de acesso fácil e, principalmente a ajuda das pessoas que não podem ter acesso aos outros créditos cheios de exclusividade, e para além de que os mutuários também têm apoio a acompanhamento dos técnicos distritais do ponto de situação dos seus projectos.

Dos dois anos referenciados neste trabalho, 2014-2015, o distrito de Namaacha, apresenta um grande avanço com relação os projectos aprovados e financiados comparativamente aos anos passados tendo em conta os projectos financiados até mesmo aos postos de emprego criados, faz uma referência de que estes últimos dois anos apresentam a maior taxa de postos de empregos criados. 2014, teve 245 postos de emprego criados com 100 projectos aprovados, e 2015, foram criados 278 postos de emprego com aprovação de 117 projectos. Esta realidade faz acreditar que existe uma tendência de melhoria no processo de avaliação e aprovação dos projectos assim como na aderência das comunidades às iniciativas tendentes ao desenvolvimento local e acesso ao FDD.

Mas o maior entrave que se coloca quanto a execução deste fundo, particularmente nestes dois anos, é uma série de constrangimentos que chega a limitar a sua própria evolução, relacionada com a sustentabilidade pela falta de reembolso que, por sua vez é determinado pela falta do transporte próprio e o fraco conhecimento de gestão e avaliação pela parte da comissão técnica. As suas políticas de gestão com relação a supervisão não são regulares e a falta de aplicação das medidas sancionatórias aos mutuários que não praticam o reembolso.

Portanto, há uma grande necessidade de se revisar as políticas de gestão na execução do valor para que garanta um grande contributo ao desenvolvimento local, não focalizando apenas nos objectivos do mesmo, mas sim com a gestão do mesmo, proporcionando mais sensibilização aos mutuários na importância do reembolso tendente a sustentabilidade para que o governo não continue simplesmente a introduzir os valores sem nenhum impacto positivo.

 

Sugestões para melhoria

Para a operacionalização e aplicação efectiva sustentável do FDD cabe a tutela e aos mais órgãos competentes do mesmo como o decreto 90/2009, fazer uma revisão das formas de aplicação e gestão para garantir que esse valor seja realmente uma arma de redução da pobreza e garantir o bem-estar da vida das comunidades Moçambicanas.

Ao presidente do FDD, deve constantemente comunicar outros órgãos ou instituições públicas como Serviço Distrital de Actividades Económicas SDAE, instituições privadas, associações, instituições não-governamentais, e outros grupos profissionais organizados para garantir a capacitação do grupo da comissão técnica de avaliação dos projectos, porque nem todos tem a formação técnica profissional em matéria de gestão e avaliação de projectos.

A comissão técnica de avaliação dos projectos, rever as situações de enquadramento das realidades locais dos projectos propostos, na vertente do que se trata, para onde e se existem condições de ordem natural e ambiental para sua viabilidade no contexto local. Também serem prudentes no que diz respeito ao acompanhamento e monitoria desde a implementação dos projectos para evitar o desvio de aplicação do valor.

Ao nível de academia, deve haver situações de estudos de caso em torno das estratégias que são implementadas em prol do desenvolvimento da comunidade Moçambicana para garantir a seriedade das mesmas no caso do FDD, que não apresenta claridade na sua gestão para além dos seus objectivos.

Aos beneficiários, devem ser sérios nas propostas e implementar os projectos consoante o que vem proposto, garantir o reembolso regularmente para que voltem de novo a fazer o pedido para a melhoria dos seus próprios negócios e das suas vidas.

Ao CCD e CCL, devem garantir que os beneficiários que propõem os projectos não tenham uma idoneidade falsa e conhecer as identidades reais indo até ao local de residência para garantir a precisão da idoneidade.

 

Referências bibliográficas

CUMBE, E; DUMANGANE, S. & LENCASTRE, M. (2010). Análise do Acesso ao

Fundode Desenvolvimento Distrital (FDD) na Óptica de Género Majune, Mandimba, Mecanhelhas e Muembe. disponível em: http://ibismozambique.org/publications/fundo-de-desenvolvimento-distrital-na-otica-do-genero  visitado no dia 20 de janeiro de 2016.

DALFOVO, Michael Samir; LANA, Rogério Adilson; SILVEIRA, Amélia. Métodos

Quantitativos e Qualitativos: um Resgate Teórico. REVISTA INTERDISCIPLINAR CIENTÍFICA APLICADA, BLUMENAU, v.2, n.4, p.01-13, Sem II. (2008) disponível em: www.academia.edu/.../Métodos_quantitativos_e_qualitativos_um_resgate    visitado em 27 Janeiro de 2016

 

FARIA, C. F. (2011). Planejamento Descentralizado no Contexto do Desenvolvimento

Local em Moçambique: Um estudo do caso do Governo do Distrito de Namaacha (2006-2009). (Programa Pόs-Graduação em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO disponível em: www.ie.ufrj.br/images/pos-graducao/.../26-Chico_Francisco_Faria.pdf  visitado em 18 Janeiro de 2016.

FRANCISCO, A; Orre, A; Muianga, C; Castel-Branco, C. N; Rosário, D; Massarongo, F;

Coelho, J. P.B. Monteiro, J. O. Brito, L. Massingue, N. Ossemane, R. Ali, R. Forquilia, S. C. Manuel, S. Chivava, S. Amarcy, s. Ibraimo, Y. Sande, Z. (2011). “7 Milhões”Revisão do Debate e Desafios para Diversificação da Base Produtiva. In (Saqueo Sandes), desafios para Moçambique, (pp. 207-228) Maputo, IESE. Moçambique.

GIL, António Carlos. (1991). Metodologias e Técnicas de Pesquisa Social: 5ª EDIÇÃO:

SÃO PAULO.

 

GOVERNO DO DISTRITO DE NAMAACHA, (2015). Mapa de Projectos por Agregado

Aprovados e Financiados pelo Conselho Consultivo Distrital no Corrente Ano/ 2015. Namacha Maputo.

 

 

 

GOVERNO DO DISTRITO DE NAMAACHA. (2014) Mapa de Projectos por Agregado

Aprovados e Financiados pelo Conselho Consultivo Distrital no Corrente Ano/ 2014. Maputo, Namacha

 

LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Maria de Andrade. (2003). Fundamentos de

Metodologia Científica. 5ª EDIÇÃO ATLAS: SÃO PAULO.

 

LEONELLO, João Carlos. (2007). O Associativismo Como Alternativa de

 

LOUREIRO, J. D. Gaspar, M. da C. & Levene, V. da C. (2012). Estatística do Distrito de

Namaacha. Disponível in INSTITUTO NACIONAL DE ESTATISTICA www.portaldogoverno.gov.mz/por/content/download/.../Namaacha.pdf visitado em 18 Janeiro de 2016

 

MARTINS, M. J. (2012). O Desenvolvimento Comunitário e a sua vertente educativa:

Estudo Comparativo entre Peterborough e Chaves. UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO. disponivel em: https://repositorio.utad.pt/bitstream/10348/2522/1/MsC_mjsmartins.pdf visitado em 10 Janeiro de 2016

MATUSSE, J. M. (2013) Fundo Distrital de Desenvolvimento (FDD): funcionamento,

entravés e Potencialidades. (Programa de Pós-Graduação) UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS – UFSCAR, CAMPUS DE ARARAS. Diponível em: www.fclar.unesp.br/Home/Pesquisa/.../pdf-st12-trab-aceito-0277-9.pdf visitado em 27 Janeiro de 2016.

MINISTERIO DE ADMINISTRACAO ESTATAL, MINISTERIO DA FINANCAS. (2011).

Fundo Distrital de Desenvolvimento. MANUAL DE PROCEDIMENTOS, MAPUTO.

MIRANDA, R. J.M. (2009). Metodologia das Ciências Sociais: diponível em:

http://www.google.co.mz/search?=metodologia+ricardo+j.p.+miranda&oq visitado em 25 Fevereiro de 2016.

MOINHOS, M. R. (2001). Introdução ao desenvolvimento económico e social: 2ª

EDIÇÃO REVISTA: LISBOA EDITORA.

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE. (2009). Concelho De Ministros, Decreto No 90/2009

www.caicc.org.mz/cd/leis/Files/FDD/Decreto_90_2009_FDD.pdf visitado em 20 Dezembro de 2015.

SILVA, Edna. M. (2001). Metodologias de Pesquisa Elaboração de

Dissertação. 3ª EDIÇÃO,

SANTOS, Henrique. (2002). Desenvolvimento Comunitário Vs. Educação: Duas Faces

da Mesma Moeda? CADERNOS DA EDUCACAO DA INFANCIA disponível em: http://www.google.co.mz/serach?q=desenvolvimento+comunitario+vs+educacao%3A+duas+faces+da+mesma+moeda  visitado em 10 Fevereiro de 2016.